quarta-feira, 28 de janeiro de 2009

Processo de DESERDADOS


Hoje fizemos um laboratório, uma vivência sobre as questões que tocaremos em deserdados.
Nossas fomes, nossos desejos, nossas inquietações, nossas sedes não saciadas.
Verdades escancaradas, verdades tímidas.Silêncios. Vontade de ir para casa.
Cavamos túneis hoje ,de dentro para fora.
Alguns entreabriram suas portas, outros ficaram do lado de fora de si mesmos.
Buscamos uma verdade qualquer que dê razão a nossa movimentação.
Um texto de Jesuita. Um Sonho de William.
Estranhamento e encontro. Enfrentamento e identificação.
Seca.estamos secos de humanidade.
Que responsabilidade dançar nossa humanidade...
Trazer a tona sentimentos que insistem em ficar escondidos, para realizar movimentos que contenham uma força interna , e não sejam apenas reprodução de movimentos criados.
Como dançar com a alma do seu lado? olhar nos olhos das pessoas, se ver dentro dos olhos do outro , sem se perder?
Como fazemos escolhas?
"Não quero dançar mais a sequência"
Os movimentos são só uma sequência, ou podemos mudar ? dar sentimentos e intenções a cada movimentos lhes tira o "nome" - sequência???
Tantas questões.
Senti falta das pessoas, ao mesmo tempo vi pessoas de novo se construindo no oficio de tentar se entender, de tentar sentir , para dar aos outros uma parte dessa busca que se faz nossa dança.
Um misto de orgulho, medo,cuidado, falta, excesso, identificação, solidão, sentimento de pertencimento, tudo se misturou em mim, como se cada um fosse eu também.
Meu corpo está quente, senti fome, sede, solidão , dor, força para resistir, conformidade, senti gosto de terra na boca. Uma deserdada. Entre tantos, entre muitos.
Me vieram lembranças como num filme.
Estou começando a história de trás para frente- escolhi assim: falarei desse processo , desse trabalho. Só depois começarei a resgatar a memória dos outros que criamos nestes sete anos.
Tantas dores, tantas perguntas, tantos sonhos, medos derramados entre nós. Quantas pessoas fomos? quantas pessoas tocamos?
Hoje é um dia pra lembrar . Meu corpo não me deixará esquecer.
CEM. por Silvia M.

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