Esse caderno foi comprado com o único destino de servir de registro de aulas de um cursinho que eu tinha me matriculado.Não consegui ficar para fazer o curso,não consegui trair minha dança,não consegui trair meu sonho,e talvez a única coisa que ainda me faça interessar-se por esse mundo.Não me vejo fazendo outra coisa,não me vejo sendo um outro alguém,além do bailarino que me conheço e em mim reconheço.Chorei de medo,medo da vida,medo do que essa escolha possa vir a acarretar em meu destino.Vim da assembleia a pé e agora estou cercado de areia que me fazem enxergar o quão pequeno eu sou,de frente ás águas salgadas da beira mar,nas quais lavei minhas mãos assim que cheguei para limpa-las do cheiro de cigarro.Acredito nunca ter visto um por do sol tão esplendoroso e perfeito como esse que vislumbro agora,o céu fechado de nuvens cinza-azuladas deixa escapar apenas um raio de sol de sua barreira,como meus focos vividos e sentidos.O céu parece me esmagar,como meus lençóis em meus momentos de solidão.Eu ainda quero gritar,a vontade que vem agora e de entrar no mar e sumir nele,dissipar-me como quando as ondas desse mesmo mar encontra as pedras.O homem de tenis e blusa azul já passou caminhando em minha frente pela quarta vez.O foco se foi,o que resta agora é um tom alaranjado que vai gradativamente,ao seu tempo,se intensificando ao longe,rumo ao horizonte -Talvez lá,depois do horizonte,seja vermelho.Eu gosto de vermelho.Não consigo mais chorar.Tenho medo do tempo.Tenho medo da morte.Tenho medo de viver.O nome da cachorra é Lady e sua dona não chega a esse posto com esse vestido vermelho floral e sua voz alta e nazalizadamente rachada.O azul das nuvens fica cada vez mais marinho(mar,kkkk).Sair criar momentos e afogá-los no álcool e na densa fumaça de meus cigarros,eu sei que isso não vai resolver ,mas necessito esquecer quem sou,de onde vim,e o que faço nesse mundo(apesar de não ter respostas para nenhuma dessas questões aqui colocadas).Chega de tentar fazer um texto bonito,eu quero viver,sentir-me vivo,inteiro,viver orgasmicamentee sentir cada gozo que essa vida pode me proporcionar.-A dança me salva-,diz Silvia Moura,e eu acredito cegamente nisso,e nela. Felipe Damasceno.
quarta-feira, 17 de junho de 2009
domingo, 7 de junho de 2009
Ocupa-se - diálogo 1.
Eterno, é tudo aquilo que dura uma fração de segundo, mas com tamanha intensidade, que se petrifica, e nenhuma força jamais o resgata...
Ninguém é igual a ninguém. Todo o ser humano é um estranho ímpar.
Há certo gosto em pensar sozinho. É ato individual, como nascer e morrer.
Porque eu sou do tamanho daquilo que sinto, que vejo e que faço, não do tamanho que as pessoas me enxergam.
ps. frases de carlos drummond de andrade.
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foto: valente.,
quem escreveu: maurileni moreira
segunda-feira, 1 de junho de 2009
Eu não gosto da sensação de pessoas que não se colocam diante das situações e pessoas que dizem estar num lugar e muitas vezes não estão. Eu não gosto de ensaios de última hora, de ficar chamando 5, 6 vezes e perceber que ainda falta muito para mim e como eu posso correr atrás disto? Vou começar a correr só contra ou a favor do tempo, com ou sem você. Eu queria tudo mais organizado, mais claro, mas como eu posso querer isso se eu mesma sou um poço de confusão e desorganização? Tudo me é contra e eu remo contra a maré. Penso que ser do CEM não é ser do contra mas muitas vezes sinalizamos o que talvez nem nós mesmos queremos enchergar. Desilusões, vontades, frustações, coragens, dançar com quem eu quero e com quem eu não quero, me deparar com minhas próprias limitações e erros e o que fazer diante disto? Acho que esse último ponto é o que mais aprendo no CEM. E o que é dançar ein? Será que eu realmente danço coletivamente? Será que dançam comigo? Por quê eu quero dançar? Por quê eu quero estar em cena? Minha alma quer gritar...
Li Braga.
Li Braga.
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