quarta-feira, 17 de junho de 2009

Sentado.Parado.Com as calças cheias de areia.


Esse caderno foi comprado com o único destino de servir de registro de aulas de um cursinho que eu tinha me matriculado.Não consegui ficar para fazer o curso,não consegui trair minha dança,não consegui trair meu sonho,e talvez a única coisa que ainda me faça interessar-se por esse mundo.Não me vejo fazendo outra coisa,não me vejo sendo um outro alguém,além do bailarino que me conheço e em mim reconheço.Chorei de medo,medo da vida,medo do que essa escolha possa vir a acarretar em meu destino.Vim da assembleia a pé e agora estou cercado de areia que me fazem enxergar o quão pequeno eu sou,de frente ás águas salgadas da beira mar,nas quais lavei minhas mãos assim que cheguei para limpa-las do cheiro de cigarro.Acredito nunca ter visto um por do sol tão esplendoroso e perfeito como esse que vislumbro agora,o céu fechado de nuvens cinza-azuladas deixa escapar apenas um raio de sol de sua barreira,como meus focos vividos e sentidos.O céu parece me esmagar,como meus lençóis em meus momentos de solidão.Eu ainda quero gritar,a vontade que vem agora e de entrar no mar e sumir nele,dissipar-me como quando as ondas desse mesmo mar encontra as pedras.O homem de tenis e blusa azul passou caminhando em minha frente pela quarta vez.O foco se foi,o que resta agora é um tom alaranjado que vai gradativamente,ao seu tempo,se intensificando ao longe,rumo ao horizonte -Talvez lá,depois do horizonte,seja vermelho.Eu gosto de vermelho.Não consigo mais chorar.Tenho medo do tempo.Tenho medo da morte.Tenho medo de viver.O nome da cachorra é Lady e sua dona não chega a esse posto com esse vestido vermelho floral e sua voz alta e nazalizadamente rachada.O azul das nuvens fica cada vez mais marinho(mar,kkkk).Sair criar momentos e afogá-los no álcool e na densa fumaça de meus cigarros,eu sei que isso não vai resolver ,mas necessito esquecer quem sou,de onde vim,e o que faço nesse mundo(apesar de não ter respostas para nenhuma dessas questões aqui colocadas).Chega de tentar fazer um texto bonito,eu quero viver,sentir-me vivo,inteiro,viver orgasmicamentee sentir cada gozo que essa vida pode me proporcionar.-A dança me salva-,diz Silvia Moura,e eu acredito cegamente nisso,e nela. Felipe Damasceno.

Um comentário:

  1. A dança me salva principalmente do desepero e da amargura, é ela quem segura na minha mão e me diz - vamos, você consegue.
    Silvia

    ResponderExcluir