sábado, 11 de abril de 2009

Nulidade

Ainda tentando entender-me nos processos, como é difícil estar naquele momento, talvez como um reflexo da minha profunda incomodação do não estar das pessoas, da passividade delas meu corpo se fez igual. Estranho a música, a confusão do que eu estou fazendo aqui, de não me reconhecer naquela dança, do nu me incomodar, de tentar achar alguma proximidade nos olhos das outras almas dançantes e não conseguir, a mente mandando eu falar e eu não querendo falar, o que eu ia dizer? Prefiro o meu silêncio cheio de lágrimas, lágrimas muitas que eu ainda não chorei e não consigo pôr elas para fora. O menino pássaro que chorou em mim, a dor dele me inundou por dentro. Horas antes mesmo de entrar em cena e o público já posto, eu olhava mas não queria ver ninguém, sentir-me desnudada antes da hora. Ao menos a relação forte de aproximamento e afastamento o que causou uma tensão, além da prisão com o saco preto, a dor inerte de dentro de alguma forma tentando se expressar. É muita gente junta querendo falar de suas dores, será que a minha cabe... Na verdade eu não quero que ela caiba em algum espaço, eu quero que ela se faça presente no meu corpo, no meu olhar, na minha intenção se assim couber. Palavras que me fizeram estar diante das minhas ainda limitações, limitações essas que eu quero romper. Eu quero me sentir frágil, poder chorar em paz sem querer engolir meu choro com a pretenção de sustentar meu enorme ser nas minhas costas. Enorme não só pelo tamanho físico mas pelo tamanho da alma. Cheia de buracos, de espaços não preenchidos... E o que é a indgência proposta, pedida? O que é aquele lugar marcado que eu tanto quiz e ainda quero estar, será forma de proteção? Eu me sinto perto, minha alma perto, mas minha cabeça longe... Quero entender racionalmente, mesmo as vezes nem sendo importante. E é? E as minhas dores estão saradas? Como dançar assim? Como estar ali? Estou? [VAZIO]

Li Braga.

Um comentário:

  1. A proteção é uma forma de estar, o vazio nunca é totalmente vazio, porque sua presença-calada já é por si um estado ,já diz alguma coisa, ás vezes o discursodo espetáculo é maior que as nossas próprias vontades de dizer algo. O ouvir as dores dos outros e calar-se é uma forma de se somar aos outros. Busque Li, deixe que as coisas venham cada uma no seu tempo. e ouça o seu silêncio, com certeza ele quer te dizer algo, quer nos dizer algo.
    Silvia Moura

    ResponderExcluir